domingo, 6 de outubro de 2013

Entrelinhas


É com muita pena minha que este concurso vai deixar de existir e que mais um blogger, digo até um excelente blogger tenha deixado a blogosfera. Certamente muitos irão sentir a falta dele.
Eu era um participante deste concurso. A verdade é que gosto de escrever. Eu sei que vocês não gostam nada dos meus textos grandes e tal, mas de vez em quando sabe bem alguém ler. E é com orgulho que vos apresento o texto para o qual concorri na 1ª etapa deste concurso.

Ele chamava-se Mário e ela Anabela. Um tinha 19 anos, a outra 18. A sua relação era basicamente impossível. As suas personalidades eram completamente opostas. Até ao nível físico se distanciavam.
Ele era alto. Cerca de 1,90 m, cabelo completamente negro. Tão negro que parecia que absorvia toda a cor e luz envolvente. Os olhos... Bem, os olhos eram de um verde tão claro que refletia a luminosidade e brilhavam. Pode até dizer-se que o seu cabelo era a noite, e os olhos as estrelas. O seu porte era atlético. Notava-se que se preocupava em estar em forma.

Já ela era de estrutura média. À volta de 1,70 m, cabelo loiro. Um loiro fantástico e com um brilho que se esta estivesse contra o sol parecia que este escorria pela cabeça dela abaixo. Os seus olhos eram negros. Um negro misterioso a esconder tantos segredos e mistérios que só de uma pessoa olhar para eles perdia-se. Quanto ao seu corpo, era uma rapariga normal, não como aquelas que fazem dietas loucas para parecerem ‘barbies’ e modelos, mas também não daquelas que abusam da comida e mal podem andar. Era uma rapariga na normalidade. Sem extremos.

O que eu, apenas um mero bardo, me proponho a cantar hoje é um história sobre o impossível tornar-se possível, um pensamento sair errado e a magia de um olhar salvar uma vida.
Anabela tinha segredos. Era uma solitária, não gostava que se metessem na vida dela e não queria sair magoada. Tinha medo de se envolver.

Mário não era assim. Tinha os seus amigos, andava em festas, quase não parava em casa, enfim, um rapaz normal. Mas havia algo em Anabela que o encantava, algo que o fazia reparar nela. A forma com ela parecia um anjo, os seus misteriosos olhos, os seus segredos. Já antes tentara aproximar-se dela. Um toque no bar, uma troca de palavras no centro comercial, mas ela tinha sempre escapado. Ele pensou que ela não estava interessado nele, que seria sempre a mesma solitária, mas não a conseguia tirar da cabeça.

Ohh, como Mário estava enganado sobre ela. Anabela queria sim estar com Mário, mas os segredos dela eram demasiado para ela. Esta rapariga já tinha sido usada e descartada como se fosse uma luva de borracha. Basicamente ela não se envolvia porque tinha medo de sair magoada. Era uma anjo sem asas. Sim ela gostava de Mário. Olhava para ele quando estava distraído. Quando falava, Anabela prestava sempre atenção às suas palavras, sonhava com ele, mas tinha medo. Ouso até dizer que tinha terror de se envolver.

Ora este anjo estava farto da sua vida. Estava farta de sair sempre magoada, de se sentir mal em casa. Sentir-se mal na rua e em todo o lado. Detestava-se a si mesma. Já se tinha socorrido em sofrimento físico através de automutilação, mas não era suficiente. Tinha tanto ódio e desprezo dentro de si que decidiu acabar com tudo na linha do comboio.

Já se ouvia o ruído. Anabela só escutava o coração e o barulho do comboio chegar. Fechou os olhos e inspirou... Abriu os olhos. Já via o comboio, mas depois reparou numa pessoa que estava num banco, com um casaco de capuz posto. Era Mário. Ele estava lá a olhar para ela. Os seus olhos cruzaram-se. Escuridão com luz, o verde misturou-se com o negro. Ele aproximou-se. Nesse momento ela percebeu que havia coisas pelas quais vale a pena lutar. Que desta vez não ia sair magoada, que finalmente ela encontrara a sua luz. As suas estrelas. Ele envolveu-a nos seus braços. As suas caras aproximaram-se, os olhos fecharam e as suas bocas uniam-se. O comboio passava, mas não importava porque nesse momento, eram só eles os dois no mundo.

Sim, sou só um contador de histórias, mas nesse dia algo de mágico aconteceu. Um fim transformou-se num início. Uma alma permaneceu na terra e um anjo ganhou asas para poder sair do buraco em que estava e viver a vida não na escuridão, mas banhada na luz de quem realmente a ama.

2 comentários:

  1. Sobre este: Gostei da tua escrita, é descritiva e rica, podendo portanto alimentar a imaginação fértil do leitor. Pareceu-me um bom texto, apesar de considerá-lo mais banal. Dentro do concurso não era dos textos que se destacaria mais pois muito escreve semelhantes histórias de amor, de pessoas diferentes com características opostas. Julgo-o bom, bem escrito, bem elaborado. Talvez só não tão original, entre os restantes textos.

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  2. No geral concordo com o Relojoeiro! Ainda assim, acho que escreves bem, que tens uma escrita rica e que permite imaginar bem as coisas, e até dar aso à imaginação do próprio leitor! :)

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